Carta de uma mãe

Vem aí o Dia da Mãe e, mais que receber um presente vosso, quero, nesse dia, como em todos os outros, sentir o vosso cheiro doce e calmo, abraçar os vossos corpos pequeninos de criança, ouvir os vossos risos provocadores, descontrolados, despreocupados.

Mais que receber um presente vosso, quero cultivar as memórias que um dia florescerão em mim, no dia em que já não serei eu a acordar-vos, em que não apaziguarei os receios infantis, em que não beijarei uma mão que se magoou.

Mais que receber, quero dar. Dar é ser mãe. Quero dar cor aos vossos dias, horas e minutos. Quero dar calor aos vossos pequeninos e inquietos corações. Quero que dos meus olhos se entorne a ternura que em mim sobra. Quero dar-vos a certeza... que em mim é esperança. A certeza de um futuro sem dor, sem mácula, sem lágrimas, sem medos. A certeza de um mundo que vos queira, vos acolha, vos respeite, vos admire, vos auxilie.

Mais que receber, quero viver. Mais que nunca, quero estar viva. Viva para vocês, viva por vocês. Viva para vos presenciar, viva para adiar as lágrimas do dia em que serei apenas a estrela que vos olha e ama. Para sempre.

Eunice Guerreiro