quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dicionário das Palavras Bonitas

E se se criasse um dicionário especial? Um dicionário onde só coubessem as palavras bonitas, as que nos fazem sonhar, as que têm magia? O Dicionário das Palavras Bonitas.

Hoje, apresento-vos a letra A.



‘A’…
… de amor, quando a mana me baba a cara para me dar um beijinho de bebé.
… de areia da praia. Morna, aquece-me os pés; molhada, molda-se em mãos pequeninas de crianças que sonham ser princesas em fortalezas junto ao mar.
… de abraço demorado, terno, apertado. Abraço de mãe que sossega a inquietude, os medos, as dores.
… de água límpida e cristalina que corre nos rios, nas fontes, nos riachos. Que vem e vai nas ondas do mar. Que faz sorrir as plantas e dá de beber à terra. Repuxos e bebedouros onde beberricam os passarinhos. Água que acolhe, cura e embala os bebés na barriga das suas mães.
… de avó, o refúgio, a pessoa de olhos doces e de palavras sábias. Avó, que me ensinas que o relógio nem sempre faz falta.
… de açúcar, branco como a neve ou amarelo como a areia, adoça a minha boca e faz-me sorrir.
… de árvores, trémulas ou fortes,  frágeis ou majestosas, agarram-se à mãe e ousam subir rumo ao céu. Frutos sumarentos, aromas florais e sombra fresquinha. Valiosos presentes, embrulhados em vento, terra, sol e chuva.
… de agradecer. Agradecer quando nos dão algo, quando são gentis connosco, quando nos elogiam. Agradecer o dia que nasce e se espreguiça, preparando mais 24 horas de surpresas. Agradecer a família que nos ama, o almoço que tira a fome, a roupa que tira o frio. Agradecer a escola que ensina a ler, a escrever, a conhecer o mundo. Agradecer a saúde que nos deixa correr, saltar, brincar e descansar. Agradecer a vida, todos os dias.
… de aldeia, caiada no Alentejo, de pedra escura no Norte. Ali há História, há um baú cheio de sonhos, cheio de vidas que se viveram e que hoje são memórias. Não há velhos, há avós. E os avós não são velhos; são uma ponte para serenas noites de Verão, serões à lareira e dias longos onde o tempo às vezes pára no caminho para descansar e contemplar.
… de algodão. Doce ou não, sempre fofo, sempre a parecer uma nuvem onde sonho um dia poder voar.
… de Alice no País das Maravilhas.
… de abelha que nos dá o doce e delicioso mel.
… de agasalho, palavra que aquece, conforta, abraça o corpo mandando embora o frio.
… de aroma, a palavra para os cheiros bons.
… de abracadabra, a palavra cheia de poder que uso nas minhas magias.
… de aniversário. O meu, o da mana, o da mamã, o do papá, o dos amigos. Gosto de aniversários, gosto de cantar os Parabéns, gosto de festas, de comer doces e de soprar as velas (as minhas e as dos outros…).
… de amêndoas. Há-as doces, coloridas, de chocolate, recheadas, simples. Gosto de todas.
… de acampar. Dormir na companhia da Natureza, ouvir o vento, observar as estrelas que dançam e ouvir as histórias que todos têm para contar.
… de amarelo, cor de pintainhos, de alegria, do sol e das flores do senhor Van Gogh.
… de animais, de todos os animais. Grandes, pequenos, mamíferos, répteis, aves. Azuis, cor-de-rosa, cinzentos. Rápidos ou lentos. Aquáticos ou terrestres. Todos são diferentes, todos são especiais, todos são indefesos perante outro animal que é o ser humano. Vamos protegê-los.
… de aconchego, palavra quente e redondinha. Cobertor, sofá, colinho, o cheiro da mamã, o cheiro da sopa no fogão numa tarde de Inverno.
… de acreditar que os problemas se resolvem, que um ‘hoje’ menos bom, amanhã será um ‘ontem’. De acreditar que os adultos vão um dia perceber que viver pode ser simples.
… de até breve. Ao contrário do ‘Adeus’, o ‘até breve’ diz-me que vais voltar, que vamos ver-nos outra vez e que a separação vai ser curtinha.
… de amigos, os irmãos que somos nós que escolhemos, os companheiros de brincadeiras, os parceiros nas tropelias, aqueles que estão connosco mesmo quando os outros vão embora.
… de adivinhas, os divertidos jogos de palavras que nos fazem pensar.
… de adoçar os dias da mamã com os meus abraços.
… de aguarelas que pintam suaves cores na minha folha de papel.
… de adormecer na minha cama, enroscada ao meu boneco Joãozinho… e com festinhas no cabelo.
… de arroz-doce, cheio de canela.
… de ajudar. Pôr a mesa, ir buscar o babete da mana, explicar à Joana como se escreve a palavra que ela não percebeu na aula. Ajudar é oferecer sorrisos. Ajudar faz-nos pessoas mais bonitas e especiais.
… de almofada. Fofa e boa para dormir. Fofa e boa para descansar. Fofa e boa para fazer lutas de almofadas com os amigos.
… de alegria. É a felicidade aos bocadinhos, é o sentimento que tenho quando acontece alguma coisa boa, quando vejo quem amo, quando acordo de manhã e sei que é um dia especial.
… de altruísmo, palavra complicada com um simples significado: ajudar os outros sem pedirmos nada em troca. Dar de nós e receber sorrisos que nos tornarão mais ricos.
… de aluno. Ser aluno é muitas vezes ser criança, o que, por si só, é muito bom. Outras vezes, ser aluno é ser crescido mas estar cheio de vontade de aprender coisas novas. Ser aluno é ser humilde e acreditar que o conhecimento é um copo que nunca transborda. Ser aluno é saber que o conhecimento é uma riqueza que nunca ninguém nos conseguirá roubar.
… de alvorada. É o dia que abre os seus olhitos e nos sorri; é a luz da manhã que amarelece o dia e, suavemente, nos aquece. É o nascer do dia que muitas vezes se faz acompanhar da melodia dos passarinhos.
… de amanhã. É o voo do pensamento rumo ao dia que aí vem, é a antecipação de alegrias, é a incerteza que queremos ter como certa.
… de amanhecer. É o preguiçoso levantar do sol que, por breves instantes, se cruza com a lua que vai dormir.
… de amoras bem redondinhas e doces, acabadas de apanhar nas silvas dos campos alentejanos. E que deixam os lábios pintados!...
… de arco-íris, a prova de que existe magia no céu.
… de alfabeto, um conjunto de letras que nos permitem viajar nos livros, escrever os nossos sonhos, desejos e pensamentos. As letras são os ingredientes mágicos dos escritores.

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