O Sonho do Caracol Sebastião
Era uma vez um pequeno caracol chamado Sebastião que vivia num jardim... Num jardim triste e abandonado, mas com um nome de jardim feliz: jardim Arco-Íris. Ninguém regara as plantas e flores durante muito tempo, pelo que todas foram secando e murchando. O caracol sonhava em voltar a percorrer... (muito lentamente... seria então perlentar?).., enfim, voltar a passear por cima de folhas e pétalas coloridas e fresquinhas, cobertas de gotículas de água.
Certo dia, estava ele a dormir ao sol, sentiu uma brisa fresca, seguida de uma chuva muito suave. ‘Ai, ai! Que bom!...’ Decidiu sair da sua casinha para espreitar o que se passava no jardim. Com surpresa, viu uma menina que não teria mais que 8 anos. Os seus olhitos castanhos brilhavam enquanto mexia na terra, plantava flores e depois as regava com um pequeno regador cor-de-rosa. Uma senhora de cabelos cor de prata acompanhava-a e ensinava-a. A menina chamava-lhe ‘avozinha’. Esta tarefa prolongou-se durante todo o dia e o caracol, muito curioso, escondido por detrás de uma pequena pedra, observou atentamente. Ao entardecer, quando já o sol esfregava os olhos e bocejava com sono, a menina e a sua avó arrumaram as pás, os ancinhos, os sacos de terra e de adubo, os regadores e foram para casa. Também Sebastião estava cansado. Tinha tido um dia muito activo, a observar! Recolheu-se à sua casinha e adormeceu.
Na manhã seguinte, ainda o caracol se espreguiçava, ouviu uns risos baixinhos... ‘Hummm... Quem está já aqui no meu jardim?!’, pensou para si. Olhou em volta e, surpreendido, viu muitas flores de muitas cores, relva verdinha e fofa e plantas ainda pequenas mas muito viçosas. Achando que talvez estivesse ainda a sonhar, esfregou os olhos. Olhou novamente em volta e, desta vez, Sebastião reparou que duas flores riam e conversavam alegremente.
Aproximou-se delas e decidiu apresentar-se. Afinal, era ele o habitante mais antigo daquele jardim. ‘Humm... Ora... Muito bom dia. O meu nome é Sebastião e já moro aqui há muito tempo. E vocês, quem são?’
Cravo esbugalhou os seus olhos, abriu as suas folhas e apertou o caracol num forte abraço! ‘Olá! Sou o Cravo Vermelhinho e gosto muito, muito mesmo deste jardim! Estou muito contente por estar aqui, muito, muito, muito, muito!...’ Sebastião recuou lentamente e, desconfiado, observou: ‘E esta flor branca, quem é?’
‘Flor branca? Flor branca??? Sou muito mais que apenas uma flor! O meu nome é Gerbera e a minha cor é cor-de-neve. Era o que me faltava! Flor branca...’ - resmungou a outra flor... Aliás, a Gerbera cor-de-neve...
‘Não lhe ligues, caracol. Ela não gosta de acordar cedo. Fica assim, amudada e rabugenta. Já lhe passa’ - disse o Cravo, muito bem-disposto.
‘Pois muito bem’ – disse Sebastião – ‘Sejam bem-vindos... os dois. E todas as outras flores que, pelo que vejo, estão agora a acordar! Sendo o mais antigo morador deste jardim, gostaria de vos convidar a fazer uma visita-guiada, para que conheçam os cantos à casa.’ Dizendo isto, Sebastião começou a arrastar-se pela relva fofa e, com um enorme sorriso, olhava em volta descobrindo todas as surpresas e novidades que apareceram naquela manhã no seu jardim. Estava maravilhado com tantas cores e desejava poder travar uma verdadeira amizade com o Cravo e com a Gerbera. Passara muito tempo só e agora, finalmente, teria amigos para partilhar novas aventuras.
Os três visitaram o Cantinho das Túlipas, o Lago dos Peixinhos Dourados e da rã Joaquina, a colina das ervas de cheiro e a sebe das Hortenses. Fascinados com um lar tão acolhedor, depararam-se subitamente com um tronco forte e muito grande. Com algum receio, Gerbera deu a mão a Cravo. Este, aventureiro, perguntou: ‘Quem és tu?’
Uma voz grave e serena ecoou no jardim: ‘Pequenas flores e pequenito caracol, sou novo neste jardim. Prazer em conhecer-vos. Fui aqui plantado para dar sombra, flores e doces frutos. Também seguro com muita força esse baloiço que está pendurado num dos meus ramos. Vêem-no? A menina que cuida de mim chamou-me Árvore dos Segredos! Acho que ela vai ser a minha melhor amiga!...’
Gerbera olhou entusiasmada para o baloiço. Sempre quisera voar! ‘Posso subir?’ – perguntou à Árvore dos Segredos. ‘Claro que sim. Terei muito gosto’ – respondeu a Árvore, satisfeita por ser útil aos seus novos vizinhos. Cravo ajudou Gerbera a subir e ambos se instalaram no baloiço. Também Sebastião decidiu experimentar. Embora receoso, não queria dar parte fraca.
E foi assim que começou aquele novo e soalheiro dia no Jardim Arco-Íris: Cravo, Gerbera e Sebastião balouçaram de mãos dadas, sentindo uma brisa leve e segredando à Árvore o quanto estavam a gostar deste novo lar. Um lar onde iriam viver inesquecíveis aventuras!...
E foi assim que começou aquele novo e soalheiro dia no Jardim Arco-Íris: Cravo, Gerbera e Sebastião balouçaram de mãos dadas, sentindo uma brisa leve e segredando à Árvore o quanto estavam a gostar deste novo lar. Um lar onde iriam viver inesquecíveis aventuras!...
Sem comentários:
Enviar um comentário