«Sentiu o calor da pele de Alberto. Abraçou-a e, sem nada
dizer, pousou a cabeça no seu ombro. Ambos se olharam pelo espelho. Como um
lago em sossego, ali se deixaram estar, simplesmente sentindo a calma que
naquela manhã os inundara. Os relógios talvez tivessem parado. Talvez, se
voltassem a olhar a janela, se apercebessem que já ninguém corria.»
(...)
«Enquanto esperava, Susana apercebeu-se de um pequeno pardalito que
por ali esvoaçava, de vez em quando pousando junto dela. ‘Provavelmente quer
pão…’ Atirou então algumas migalhas de pão para a relva, mas o pardal não as
quis. Pouco depois, algumas formigas, cheias de força, levavam as preciosas
migalhas para o formigueiro. Já o pardal, somente saltitava, olhando-a sempre.
Em silêncio, Susana decidiu esticar o dedo indicador. Inexplicavelmente, o
pardalito saltitou até pousar no seu dedo. Susana susteve a respiração, temendo
assustá-lo se falasse ou se apenas respirasse. Ao longe, observou Alberto que
se aproximava. O pardalito também. Piando, voou e pousou no ramo da árvore que
estava junto a Susana. Como se soubesse, quis presenciar o momento.»
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